A sombra da ausênciaO corpo vai, a sombra fica.
Um eco sem voz que assombra
a sala, a mala sendo arrumada
para a viagem, que, dia-a-dia
se faz um pouco sem saber se
é volta ou ida – O copo quebra,
o sabor fica, a aura de um hálito
em torno à boca que se intensifica,
quando um conhecido fantasma
passa pelos terraços da memória
e evoca um nome, um aroma, uma
hora perdida entre as folhas secas
de um outono que se deteriora
conforme a mão do inverno o toca
O céu se ensombra, o azul fica.
Em alguma dobra das pálpebras
da íris, dos cílios, sua luz habita.
Antônio Moura
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