POEMA-CORPO
Não tricotei
Meu corpo
Nem fiei
A golpes de fúria
A queixa
Que ele se queixa
Por seus poros
(ele diz)
o mundo
entra e sai
no último inverno
o tempo em chuva
a escrita foi de água
e a poesia
só não naufragou
porque se atirou num bote
desde então
sôfrego
após pisar
num búzio
meu corpo
desliza
numa pátina
hecatombe
Jorge Andrade,
do livro "Em Memória da Chuva",
Prêmio IAP de Literatura - 2002
Prêmio IAP de Literatura - 2002
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