BAIXO-RIO
Os caminhos da minha terra são
líquidos e correm.
Caminhos líquidos levam-me a ti.
Sempre me conduzem à tua presença,
longínqua como um horizonte.
As noites são teias de redes
que se acasalam na marola,
que se amam nas ondas da baía.
As redes das naves do norte
entrelaçam-se nos silêncios das viagens.
São sempre no teu rumo as minhas sendas,
nas águas-lendas desses rios.
No baixo-rio da minha história,
entrevejo o calor da travessia:
o remo ama a água sem ruído e
eu escorro líquida à procura
deste remo que me espera,
que viaja em mim na noite escura...
Lilia Silvestre Chaves,
do livro “E todas as orquestras acenderam a lua”,
MPB
Há 7 anos
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