Péssimo dia para o minério
Profecias velam o Nome do feto
Em muitas ninhadas e não vem.
Delas, um som impreciso te anuncia
E por isso te recebo, de carne, osso
Para ser o Nome que espero
Uma parca cabala
Cabeças decepadas
Tótens para vertigem
Teu livro retorna para a margem
Vidro e areia aprisionam o tempo
E ele é branco como a praia
Como ter uma folha seca de outono
Dentro deste livro em branco
As marcas d’água são cicatrizes
E contam histórias-mudas
Na escuta dos morcegos
Na irritação das ostras: A pérola
Que não sejas todos os nomes
Como estas roupas de passeio
Nem nomes para lembrar o caminho de volta
Para a casa aonde cresci por fora
Como um móvel oco em que os sons
Flácidos não te encontram: A porta.
Como nos péssimos dias para o minério
E o intento de, com olhos fechados,
Deitar mãos para reconhecer um estranho
Não como a fronte de um anfíbio morto
Mas o nascer para o estranho
E fazer nascer o estranho para si
Passagem branca e dourada
Apenas na sua costa; a luz
Este feto cujo Nome não vem
É como o frio que aprisionada até mesmo a morte
Queimando a sua própria maneira
Como o Silêncio, que é o mimetismo
de um bicho transparente
Como o Silêncio, que é uma palavra de loucos.
Karina Jucá
MPB
Há 7 anos
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