trama
deves tramar o poema
enquanto há sereno
e teu relógio líquido
se derrama
nas ramagens da campânula
deves ouvir os passos
saber a imagem
da mulher te seguindo
(seus braços de treva
erguendo a foice minguante
sobre tua cabeça)
deves sentir o sangue
derramado ao pé do cipreste
deves tramar o poema
&
nadar
(contracorrente)
enquanto o coração não entende
as rodas dágua atropelando peixes
no marnoturno
deves tomar de minhas mãos
este cálice devastado
e na fronteira
entre
o meu e o teu
país
deves erguer
uma fogueira
Paulo Vieira,
do livro “Orquídeas Anarquistas”
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