Este blog contém alguns poemas publicados na Agenda da Semana do site Cultura Pará.
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21 de fev. de 2010

II



Na luz fria a paisagem aparece bruscamente alta e longa. No feixe verde se estendem alfinetes que projeto. Escolho um canto para sentar meus girassóis e avistar crescerem os grãos de milho. Passa dia, passa tarde, dóem-me os calcanhares pela posição de culto. No tricô das árvores, tece o vento sua jibóia curtida que vem lanhar ao sol do meio dia. Lambo passos ao longe. Calço as luvas molhadas. Um espinho no polegar me anuncia de volta, enquanto as nuvens torcem o âmbar da noite que bate à pedra, pedindo entrada. Jorro de medo, avisto um balanço totalmente parado, enquanto meus cabelos emaranham, voados. Faço fogo no que vejo e aqueço o tudo à volta. Deito-me à relva e de imediato sinto cheio de chá. Sou uma xícara com uma aliança dentro. Desfaço-me com a solução de mil agulhas e desmancho como um rio. O rio que sou. O rio que lava os trapos. O rio que leva os ponteiros por onde o tempo escapa.



Élida Lima

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